Sobre o nosso blog...


Este blog foi criado no âmbito da disciplica de Área de Projecto da Escola Secundária Homem Cristo com o intuito de acompanhar o nosso trabalho ao longo do ano. Este blog irá ter algumas imagens da cidade como forma de divulgar a sua beleza, e também alguns pontos de interesse da cidade.


Entrevista à Senhora do Sal



No passado dia 4 de Fevereiro fomos entrevistar uma antiga salineira de Aveiro que nos falou um pouco do seu trabalho e de algumas tradições ligadas ao sal.
Deixamos aqui a entrevista:

Beatriz: Boa tarde, somos alunos da Escola Secundária Homem Cristo e estamos aqui para lhe colocar algumas questões no âmbito da Disciplina de Área de Projecto.
Bruno: Antes de mais gostaríamos de saber o seu nome.
Dna. Maria Calisto: Maria Calisto.
Bruno: Ainda trabalha nas salinas?
Dna. Maria Calisto: Não, já não trabalho.
Beatriz: Mas sabemos que já trabalhou. Quantos anos trabalhou nas salinas?
Dna. Maria Calisto: Trinta e cinco anos, aproximadamente.
Bruno: Gosta do trabalho ligado ao sal?
Dna. Maria Calisto: Sim, gosto.
Beatriz: O que pensa da desvalorização dada às salinas?
Dna. Maria Calisto: Isto desvalorizou porque as salinas começaram a degradar-se e os donos não as arranjavam. Quem anda a trabalhar nelas não pode pagar as despesas. Da maneira que isto está é completamente impossível, principalmente porque isto é uma vida de escravidão, não há domingos, não há feriados…
Bruno: É uma vida difícil.
Dna. Maria Calisto: Pois, aquilo é muito complicado e então começaram a abandoná-las porque veio a construção civil e aí tinham feriados, tinham dias santos e tinham tudo. As salinas começaram a acabar e os donos não as podiam arranjar nem gastar dinheiro e os trabalhadores não estavam para gastar dinheiro nelas também.
Beatriz: Como se chama essa salineira onde a senhora trabalhou?
Dna. Maria Calisto: Salineira Aveirense.
Bruno: Há ainda mais alguma salineira?
Dna. Maria Calisto: Em Aveiro não.
Beatriz: Então esta é já a única?
Dna. Maria Calisto: Sim, na nossa cidade é.
Bruno: Pensa que as salinas são um marco importante para a cidade e para a história de Aveiro?
Dna. Maria Calisto: Não, actualmente já não é considerado um ponto de grande interesse. Do pouco sal que há de Aveiro, as vendas são muito fracas. Antigamente vendia-se muito sal para a matança dos porcos, hoje em dia já não.
Beatriz: Acha que este sal tem maior qualidade que aquele que é vendido nos supermercados?
Dna. Maria Calisto: O de Aveiro, principalmente, é natural. De químicos não tem nada.
Bruno: Quanto tempo mais pensa continuar aqui a trabalhar?
Dna. Maria Calisto: Não sei, isso é que eu não sei. Tanto posso já parar amanhã como ainda hoje, será no dia em que eu fechar os olhos.
Beatriz: Está-nos a dizer então que pensa trabalhar aqui até ao final dos seus dias…
Dna. Maria Calisto: Vamos a ver. Trabalho até não ter forças para tal.
Bruno: É bom saber que ainda há pessoas a manter as nossas mais antigas tradições.


Actividades com Crianças


E como o dia do Patrono é também para os mais novos dinamizámos um Jogo da Glória que permitiu a alguns alunos da EB1 da Glória aprenderem, de uma forma lúdico-didáctica, algumas das tradições aveirenses. Este jogo baseava-se na formação de duas equipas que tinham como objectivo chegar primeiro que a equipa adversária à última casa, tendo pelo meio alguns desafios e questões relacionadas com a nossa cidade. Enquanto uma parte dos alunos jogava os outros sentaram-se no Cantinho das Histórias a ouvir atentamente os contos e lendas da cidade que lhes narravamos.




Demonstração de trajes típicos de Aveiro

Aqui fica um vídeo da demonstração dos trajes típicos de Aveiro:







Catarina - Tricana de 1870
Tricana era uma qualidade de tecido, mas passou a designar-se por "Tricana" a mulher do povo que envergava uma peça de vestuário confeccionada com esse mesmo tecido. A Tricana usava saia preta de lã, pregada a toda a volta, com uma barra de veludo preto; Camisa branca rendada; Capoteira de lã debruado a veludo, liso ou lavrado - muito rodada, que descia até ao joelho e se usava pelas costas; Lenço branco de bobinete, com nó singelo à frente; Chinelas pretas; Meias brancas de algodão, rendadas e feitas à mão.






Beatriz - Meia-senhora
A Meia-Senhora usava uma saia de voile de seda às ramagens vermelha, saiote branco com bordados, casaquinha de seda vermelha também, camisa de pano branco, capoteira negra de veludo, meias de algodão branco rendadas, chinelas de verniz preto, uma sombrinha e um saquinho.






Rute - Tricana de 1900
Com o passar do tempo, o traje da Tricana foi sofrendo algumas alterações, acompanhando a evolução do modo de vida da população. O xaile de barra de seda substituiu a Capoteira; A saia passou a ser de seda lavrada, ainda que com roda até ao tornozelo; O lenço passou a ser de seda e de cor, amarrado à frente e atrás; Blusa de algodão fino, com espelho e renda; Meias de algodão brancas, rendadas, feitas à mão; Chinelas pretas.






Bruno - Marnoto
O marnoto é o tradicional trabalhador das salinas, acompanhante de todas as actividades que elas exigem, dos meados da primavera ao final do outono; Era por regra bronzeado do sol de verão, vestia camisa de lã branca sobre a qual usava, em volta do pescoço, um lenço de cor vermelha preso com uma caixa de fósforos, enquanto na cabeça se protegia com chapéu preto de feltro com abas largas; Para baixo, vestia bragas ou calções largos de cor azul em algodão, aos quais chamavam manaias.






Patrícia - Salineira
Blusa de tecido de algodão estampado e manga comprida e folgada com punho; Saia comprida de tecido de algodão aos quadradinhos pretos e brancos, franzida na cintura; Avental de tecido manual de lã castanha (serguilha), decorado com fitas brancas na orla; Algibeira suspensa na cintura , decorada com bordado ; Lenço estampado na cabeça , com uma ponta levantada sobre o chapéu de feltro preto, de copa redonda e abas largas reviradas; Calça chinelas sem meias e nas mãos segura uma canastra.

Dia do Patrono



No dia do Patrono da Escola Secundária Homem Cristo o nosso grupo dinamizou algumas actividades relativas ao nosso projecto "Aveiro: uma cidade com passado, presente e futuro".

Durante a manhã realizou-se a venda de crepes, actividades com crianças do 1º ciclo como leitura de histórias sobre Aveiro e um Jogo da Glória com perguntas relacionadas com a cidade.

Ao início da tarde os elementos do grupo protagonizaram personagens do passado aveirense através de uma demonstração de trajes típicos como o de tricana, meia-senhora, marnoto e salineira. Para esta actividade foi essencial a colaboração do Grupo Etnográfico e Cénico das Barrocas e da Sra. Isabel Feio, que nos disponibilizaram trajes e adereços que usamos na decoração da sala.

Para a semana postaremos fotografias e vídeos da sala e do desfile.